Embora saibamos que nossas ações não são atos isolados, na Paulicéia Desvairada do cotidiano acabamos não observando os desdobramentos.
Toda escolha é, por si própria, um posicionamento. Além de refletir nossa personalidade, escolhas afetam tanto o mundo que nos circunda quanto o mundo além do que conseguimos enxergar. Possuímos pensamentos grandiosos e imediatistas, tendemos a acreditar que a equação da vida é formada por grandiosidades e que os resultados aparecem num átimo após o sinal de igual de uma fórmula matemática. Porém a vida é composta por miudezas muitas vezes desapercebidas sob a cegueira da rotina, e o mundo no qual vivemos ultrapassa as extremidades da bolha ao alcance do olhar.
Cada miudeza guarda em si um grande potencial de mudança, basta doar atenção ao que está latente.
A Beleza Verde e sua influência na construção da identidade e posicionamento social
Um dos princípios do Slow Beauty é o autocuidado sustentável. Se nos tornamos capazes de agregar um amplo sentido de respeito em nossa rotina de cuidados pessoais, aumentamos nossa capacidade de zelar pelos outros e pelo meio ambiente. É o desdobramento do potencial latente nas miudezas cotidianas.
Ao escolher um produto nas prateleiras das lojas, estamos também escolhendo a conduta que nosso dinheiro irá apoiar. Cadeia de produção, postura da empresa para com seus funcionários e fornecedores, método de produção e extração das matérias primas, recursos humanos e naturais envolvidos na fabricação, embalagem utilizada e seu método de descarte – todos esses elementos estão contidos no potinho escolhido, ter ciência dos mesmos é sinônimo de consciência e posicionamento enquanto indivíduo de representação coletiva quem pode (e deve) gritar sua ideologia para o mundo. Tal grito é traduzido na opção entre comprar e não comprar.
Um processo de autoconhecimento inicia-se quando questionamos nossas escolhas, o estopim pode residir em pequenas mudanças de atitude no âmbito pessoal. E algo mágico acontece ao adquirir intimidade com a natureza aplicada à beleza: por meio de rituais naturais de autocuidado nos conectamos com nossa essência e com a sabedoria de nossos ancestrais, aprendemos a observar os sinais de nosso corpo, observamos que somos parte intrínseca da natureza e que ela nos oferece presentes maravilhosos. A partir de então levamos isso para diversos âmbitos e o que se iniciou no nécessaire torna-se postura de vida.
Ademais, todos nós somos espelhos. Aquilo que refletimos inspira e influencia quem está ao redor. Ao contrário do que alguns talvez pensem, a Beleza Verde não se encerra em tendências de estética, mas sim reflete novas condutas e posturas, respeita o tempo e seus sinais, respeita e aproveita o que a natureza tem a nos oferecer, respeita cada recurso investido, respeita cada pessoa envolvida. É o respeito próprio refletindo-se no respeito ao outro e ao meio ambiente. Com a Beleza Verde nos vem a consciência de que:
- Adquirir de produtores locais fomenta a economia de onde vivemos.
- Comprar produtos artesanais apoia diretamente as famílias cuidadas pelas mãos produtoras.
- Optar por produtos orgânicos beneficia nosso solo e as comunidades que dependem de tal insumo para sobreviver.
- Questionar a cadeia de produção é reivindicar por salários justos e rotinas de trabalho não abusivas.
- Aprender a tirar proveito dos insumos naturais na rotina diária de beleza é não se prender aos resultados de determinados produtos e, portanto, livrar-se da dependência para com as empresas em questão.
Beleza verde é libertação, é posicionamento, é respeito próprio e alheio, é identidade. Uma vez trilhado o caminho, os benefícios da caminhada se multiplicam em cadeia e, portanto, garanto: poucos irão querer retroceder. Dê uma chance!
Entretanto, como sempre digo, fica o aviso: não vá com radicalismos. Cada um tem seu tempo, cada pessoa carrega em sim um universo particular. Comece aos poucos e tenha curiosidade para pesquisar, no devagar do ato é que conseguimos escutar as respostas do corpo. E caso você tente, mas não consiga ter uma rotina de autocuidado 100% natural, relaxe! Ser sintético não é sinônimo de ser ruim, e ser natural não é sinônimo de eficiência. Ruim é desconhecer o que nosso dinheiro está bancando. O resto é livre arbítrio.
Beijos Mil, Karina Viega
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[question]Gosta do Acorda, Bonita!?
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Olá Karina, como bióloga e consumidora fico muito feliz em ler seus textos. Que animador em tempos de consumo desenfreado, onde o ter é mais importante que o ser.
Que possamos contagiar cada vez mais as pessoas sobre consumo consciente e respeito a natureza.
Um grande abraço.
Dayse, que comentário lindo! Obrigada mesmo e vamos juntos <3
Sua linda! Que delícia ler o que vc escreve! Sempre que estou precisando de forças para apoiar meus posicionamentos verdes, venho ao AB e bebo das suas palavras repletas de amor. Muito obrigada! Senti ressonância com suas palavras dentro da minha alma. Vamos juntas!